A Poesia de Pedro Pedro Du Bois
[ Tela: Kathleen Thompson’s]
RUDIMENTOS
25
Um dia ao acordar
solitário
disperso em luminosidade
e sombras: a água depositada
reflete a perplexidade
na dor recorrente da lembrança
a imagem permanente
do retrato: cenas
descritas ressaltam
a face da mulher
diversa na adversidade.
SINAIS
Sinais de trânsito
pontos cardeais
acima e abaixo
entre rios
passo fundo
fugir e ficar
ser e estar
ser e não ser
estabelecer
regrar
esconder e contar
arrefecer ou esquentar
perguntar e calar
ouvir e não escutar
errar sem tentar
refletir e dizer
atirar e perguntar
o tempo pensado cobra
o pecado e a absolvição
se apresenta em orações
escrevo traços reconhecidos
e você responde sinais
criptografados em relações.
TESTEMUNHA
Testemunho: dizem à moça que ela é
a rainha festa. Sorri o prazer antecipado
da escolha. Sorri a tristeza das demais.
Sorri a ilusão da promessa. Chora
o resultado: atrás do palco vozes
unem protestos em caladas
respostas à antecipação
dos fatos.
NASCER
Quando nasci
a vizinhança
soube do primeiro
choro: não dormiram
na noite inicial da vida
o choro continuado
em linhas amarelecidas
de dias seguintes.
NATURAIS
Naturalmente aceso
o fogo queima seu corpo
inconsentido
onde me apago
artificialmente.
PERMISSÕES
Não permitiram
a minha chegada
não permitem
a minha chegada
(minutos
descontados
ao tempo)
não viram minha entrada
em socorro da dor
inerte entre os braços.
JOÃO
Ao joão
esbarro
embarro
abarroto o fio condutor
das conversas: poste
posto
ao ponto
o joão reage em paredes
duplicadas que o vento
remete o texto ao regresso.
Pedro Du Bois, poeta e contista. Passo Fundo, RS, 1947. Residente em Balneário Camboriú, SC. Vencedor do 4º Prêmio Literário Livraria Asabeça, Poesia, com o livro Os Objetos e as Coisas, editado pela Scortecci Editora, SP. Tem publicado pela Corpos Editora, Portugal, A Criação Estética e, pela Sarau de Letras, Mossoró, RN, o livro Seres. Pelo Projeto Passo Fundo, com lançamento em 19.04.2012, Brevidades.
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/grato pelo destaque. Abraços, Pedro.
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